Dois sócios da empresa NoFake, envolvida no caso da artesã cobrada em R$ 1,6 mil por suposta pirataria, foram presos pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) nesta segunda-feira (30). A operação "Verita Visus", realizada em Santos Dumont, MG, prendeu os empresários sob suspeita de extorsão, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, com faturamento estimado de quatro milhões de reais.
A investigação começou após denúncias feitas por diversas delegacias no Brasil, relatando que a empresa estava extorquindo vendedores de produtos supostamente falsificados. Uma das vítimas, Patrícia, foi notificada por vender uma lembrança de aniversário do Vitória, avaliada em apenas R$ 1,60. Segundo a PCMG, a NoFake rastreava perfis em redes sociais que comercializavam produtos alegadamente piratas, simulava interesse na compra e depois notificava os vendedores, acusando-os de violação de direitos intelectuais.
O método da NoFake envolvia um tipo de chantagem: os notificados eram informados de que poderiam pagar um acordo extrajudicial para evitar processos judiciais. O valor cobrado variava de acordo com a popularidade do vendedor nas redes sociais. Caso o acordo não fosse cumprido, a empresa denunciava o perfil, causando sua remoção das plataformas digitais.
O delegado responsável pelo caso, Daniel Gomes de Oliveira, explicou que os acordos propostos pela NoFake não protegiam os notificados de possíveis sanções criminais. Segundo ele, a empresa cobrava pelos "custos operacionais" para efetuar as notificações, sem qualquer reparo aos supostos danos às marcas.
A Justiça decretou a prisão preventiva dos sócios, um homem de 30 anos e uma mulher de 26. Além disso, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, levando à suspensão das atividades da NoFake e ao bloqueio de suas contas bancárias. Entre os itens apreendidos estão computadores, celulares, notebooks e um veículo de luxo.
O clube Vitória, que havia sido representado pela NoFake, declarou que está acompanhando o desenrolar das investigações. Segundo Guilherme Queiroz, gerente de marketing do clube, eles aguardam "as apurações REAIS dos fatos" e um posicionamento oficial da empresa.
A operação Verita Visus marca um ponto importante no combate a práticas ilegais de extorsão e lavagem de dinheiro que afetam tanto pequenos vendedores quanto grandes marcas no Brasil.